sexta-feira, 11 de março de 2011

Que seja violenta minha poesia
Que seja ferro e  fogo
pau e pedra

Que seja dor,
quando preciso for
Que seja real
Ferozmente natural

Que seja do gueto,
periferia ou favela
que assim seja ela

Quero minha poesia
não vazia
cantando outra Bahia
Que fale de quem mora nas marquises,
e que não pode ter crise
essa poesia sem psicólogo

Que fale da paisagem
nem tão verde
aquela cinzenta e amarronzada
do condomínio bloco à vista

Uma poesia que pega ônibus
e pula janela
poesia que mergulha embaixo do torniquete
pula a borboleta
e pega traseira por falta de transporte

Uma poesia que cata lata e lixo
que o diga  Carolina
Essa poesia que cata resto de feira
Que é doméstica. Não mais mucama

Uma poesia escrita a sangue
Aquele derramado todos  
dias nas vielas, ladeiras e escadas
fruto de vários tipos de violência
e mostrado como show nos canais de tv

Uma poesia que bate atabaque
e come de mão
que toma a benção 
e bate cabeça
uma poesia de pés no chão