quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

De vez em quando
me vem à mente aquela imagem já remota
um riso largo, gaiatice,
um apelido Ôdo

Bom de bola talentoso
de oportunidade desejoso
no asfalto quente do Moscou

De vez em quando a rebeldia,
o impulso e a coragem na briga de meninos
adolescentes

na briga de adultos
atitude e ginga como ninguém dali, Muhammad

Olhar forte e incisivo
combinava-se com a postura de um líder periférico sério,
quase sisudo, na maioridade

De vez em quando falta de contato,
afastamento e a notícia incrível de morte de mais um
de mais um irmão-vizinho-amigo
que já se foi

Ele que de vez em quando
como hoje
se apresenta na face de outros
só a fim de me fazer lembrar-lhe

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Quando se pensa na palavra coco na cidade do Salvador, duas são as imagens que vêm à cabeça. A primeira refere-se àquela na qual alguém está com um coco na mão, um canudo e de preferência numa rede na beira da praia. Vamos reforçar o estereótipo...A segunda é aquela que ficou famosa e caiu na boca do povo soteropolitano através da frase: “cadê coco”? Todavia, não é com esse sentido que o coco será tratado aqui. 

Neste fragmento textual, quero dar enfoque a uma outra imagem, também antiga, que me veio à mente hoje pela manhã ao ver um cidadão, disfarçadamente, literalmente, largar um saco de lixo, pequeno é bem verdade, pela janela do buzu na rua. Naquele momento, imediatamente me lembrei daquela cena remota onde um indivíduo não jogava um saco na rua, mas...creia! aquela figura sem adjetivos possíveis arremessava um coco no meio do trânsito caótico da cidade das contradições e da concentração de renda chamada Salvador.

Então, pensei: como pode um ser humano ser capaz de tamanha falta de zelo com o que é público, falta de noção de cidadania e de tamanha grosseria? E não deu outra. Foi-me instantâneo pensar sobre a coitada da Educação, que tudo carrega nas costas. Formal? Também. Por que não? Mas, principalmente, sobre aquela tão relegada, tão passada à diante, a educação doméstica que é sempre tão útil e tão necessária seja onde for.

Minha gente soteropolitana de todas as classes sociais, que tal pararmos de pensar que ao jogar lixo na rua, uma embalagem de “queimado” que seja_sim, sei sou antigo_estamos contribuindo para que existam trabalhos para os Garis? Fosse assim, usarei uma frase batida aqui na net: “morre para gerar [grifo meu] trabalho para o coveiro”.

Saudações.