Eis
que me vem à mente a imagem da capoeira sendo perseguida, como capoeiragem, ou
ainda, como vadiagem. Capoeira como crime. Criminosa. Por isso mesmo,
condenável pelas autoridades do século XIX.
Todavia,
com o passar do tempo, já no século XX, a capoeira teve enfim a chance de ser
reconhecida como arte genuinamente brasileira pelo então presidente Getúlio
Vargas. Podendo, assim, atravessar o atlântico, chegando a virar coisa de “gringo”
e, em alguns casos, apenas deles, mas isso é outra história.
Hoje,
porém, é possível ver essa dança luta, graças ao esforço de muitos mestres e
professores anônimos, adentrando o espaço formal e conservador da escola_pública
principalmente_através do programa Mais Educação. Quem diria? A capoeira, por
tanto tempo perseguida, hoje frequenta os bancos escolares, inclusive, aqueles
acadêmicos.
Capoeira arteira e de sotaque.
Infelizmente,
o frequentar da capoeira a tais espaços não se deu de forma harmoniosa, já que quiseram
uma capoeira com método; com começo, meio e fim. Quiseram um mestre com diploma, quiçá, certificado.
Um mestre independente por muito tempo não foi bem quisto. Não era o foco um
mestre baseado em experiências adquiridas no dia a dia da capoeira: uma roda,
um armar de berimbau, uma palma rítmica envolvente, um reverenciar daquele que é
o leme da capoeira, o berimbau. “A palma de Bimba é um, dois, três”.
Dessa
forma, lá se foi o mestre em busca do bendito diploma. Não para satisfazer os
burocratas e preconceituosos. Mas, sim, porque entende ele que, estando
inserido no espaço da periferia, onde historicamente nós, jovens e negros,
temos sido desprovidos de referências positivas, faz-se necessário estudar com
afinco e dedicação, como forma de demonstrar que outra história é possível. Por
tudo isto, parabéns, Mestre Timbó. Parabéns pelo esforço. Parabéns pelo canudo,
que é simbólico, mas é preciso. Só nós sabemos.